“Mais do que um romancista, o escritor baiano Jorge Amado, cujo centenário do nascimento se celebra hoje, foi um pensador do Brasil e do povo brasileiro. Por cá, Viana do Castelo vai atribuir-lhe o nome a uma das alas da biblioteca e a uma nova rua da cidade que ele tanto amava.” http://noticias.sapo.pt/internacional/
Depois de eu ter fixado residência no Pico, na vila de São Roque, em fins de 1975, Jorge Amado cujos livros devorei - comprados na Bel’arte, então a única livraria do Pico – acompanhou-me durante anos na minha cabeceira… Julgo que terei lido mais de trinta obras de Jorge Amado. Poderia, com alguma pachorra, descrever-vos todas elas, mas penso que essa enumeração seria fastidiosa, para quem tem a bondade de ler mais este meu modesto escrito…
É verdade que o Brasil que conhecemos das telenovelas de hoje poderá ser “fictício”, mas o Brasil da novela “Gabriela – Cravo e Canela”, o dos Coronéis, existiu mesmo.
As obras literárias como “Tocaia Grande” relatam fatos verídicos, embora romanceados, mas que realmente aconteceram, como também os “Capitães de Areia”, já não falando no desassombrado, para a época, testemunho de Jorge Amado em “Subterrâneos da Liberdade”, onde pela primeira vez é revelada a enorme dimensão humana, social e de liderança desse que veio a ser recentemente e duas vezes democraticamente eleito: Luís Inácio Lula da Silva – Presidente do Brasil.
É que com Lula da Silva como hoje é por demais reconhecido, um homem que veio do Sertão brasileiro oriundo duma família numerosa, subindo a pulso todos os degraus da vida profissional – metalúrgico, sindicalista liderante, deputado estadual interventivo e que abraçou e encontrou soluções para causas sociais até então quase insolúveis, na sua presidência foram esbatidas muitas “cavernas” sociais e o desenvolvimento brasileiro hoje é uma realidade, o Brasil quase que torneou os efeitos da crise financeira mundial…
Queiram ou não, este Brasil tem um pai ideológico - Jorge Amado e um executor - Luís Inácio Lula da Silva.
Muito aprendi com os livros de Jorge Amado, lidos em tempos de procura e busca de mais saberes… quando se trocavam ideias e se discutiam ideologias sociais…
Jorge Amado, se fosse vivo, comemoraria hoje o seu centésimo aniversário, mas lá no além ele “saberá” que ainda hoje é muito e muito lembrado, pela coragem que nunca regateou em dar à estampa as suas ideias generosas, bastamente plasmadas nos seus magníficos livros que, repito, tive o privilégio de ler…
Os valores ainda continuam a ser os mesmos… ontem como agora.
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